Divulgamos os Seminários Junguianos coordenados por Marcus Quintaes em São Paulo - 2010
Seminários Junguianos -2010 -
1 - O Retorno para a clínica: Do " Professor" Jung em direção ao " Doutor" Jung
A biógrafa Deirdre Bair em seu livro " Jung: Uma biografia" revela que durante os meados dos anos 20 e início dos anos 30, Jung foi cada vez mais, abandonando o seu interesse na análise individual para desenvolver a sua teoria psicológica e, com isso, voltando-se para os problemas psíquicos gerais e as correspondências históricas.
Cito Deirdre Bair:
" Em vez de escrever o histórico dos pacientes como meio de estabelecer modelos de tratamento, ele agora queria se concentrar nos arquétipos do inconsciente coletivo".
Durante este período, Jung era considerado mais como um professor que médico, o que provocou uma mudança silenciosa e discreta em seu título, ou seja, o " Dr. Jung" tornou-se "Professor Jung" pelo resto da sua vida.
Este Seminário pretende seguir a direção oposta. Nossa intenção é refazer o movimento em seu sentido contrário a fim de resgatar os princípios clínicos da psicologia analítica. Neste sentido, queremos o " Doutor Jung" e não o " Professor Jung". Nossa intenção é realizar uma pesquisa a fim promover o retorno dos fundamentos teóricos que sustentam o exercício da prática clínica junguiana.
Para este própósito, nos concentraremos no estudo dos textos relativos ao período onde a dimensão clínica de Jung foi preponderante e objeto de intenso e vasto reconhecimento internacional. Refiro-me ao que foi conhecido como " os anos psiquiátricos" da obra de Jung, isto é, ao "famoso e genial Dr.Jung" , o clínico das psicoses, particularmente, da esquizofrenia. É a partir da leitura dos textos escritos por Jung, na época em que atuava como psiquiatra, que nos basearemos para apontar que ali já se encontravam as sementes do que viriam a ser os fundamentos da clínica junguiana.
Jung aos 32 anos publicou sua importante e capital obra chamada " Psicologia da demência precoce" (1907) e um dos seus últimos trabalhos foi a apreciação de seus textos sobre a esquizofrenia ( 1957) quando contava com 82 anos de idade. São textos que agrupam observação clínica e experimentação e onde se defende , pela primeira vez, a tese de que todos os sintomas psicóticos podem ser compreendidos psicologicamente.
Nos deteremos em três aspectos fundamentais da atitude de Jung como psiquiatra:
A busca incessante de uma etiologia psicológica para as psicoses e seus sintomas
A importãncia das fantasias nas produções delirantes e alucinações
A relevância das funções do ego com as imagens no sujeito psicótico
A questão do tratamento psicológico das esquizofrenias
Refazer este caminho possui dois objetivos bastante claros e definidos: Queremos recuperar uma psicopatologia junguiana no modo como Jung a concebeu: "uma ciência que mostra aquilo que está acontecendo na psique durante a psicose" . Trata-se de recuperar a base histórica e conceitual dos princípios da clínica junguiana como também recuperar a potência do discurso teórico junguiano frente as questões da doença mental e dos desafios impostos pelas psicoses e seus sintomas. Em tempos efetivos de reforma psiquiátrica, resgate da qualidade dos atendimentos ambulatorias e promulgação e disseminação dos CAPS, é fundamental trazer para este campo de discussão coordenado pelo discurso psiquiátrico, as colaborações e contribuições do pensamento de Jung e da psicologia analítica sobre a questão das psicoses e das doenças mentais.
Nosso material de leitura começará com o texto " Conteúdo da Psicose" do Vol.III das Obras Completas de Jung - " A Psicogênese das doenças mentais" e faremos interlocuções com textos de outros autores junguianos como Nise da Silveira, John Perry, Michael Vannoy Adams, Heinrich Karlz Fierz, Wolfgang Giegerich, James Hillman, Walter Melo e outros.
Datas dos encontros:
5 de Fevereiro
12 de março
9 de Abril
7 de Maio
11 de Junho
Duração: 10hs às 13hs
Valor: 120 reais por encontro
Local: Local: Rua Pamplona, 1018, cj.33. Jardim Paulista - metrô Trianon-Masp
2 - Psicanálise e Psicologia Analítica: Um encontro possível
O analista junguiano Murray Stein em artigo entitulado " Solutio and Coagulatio in Analytical Psychology" no livro " The Analytical Life: Personal and professional aspects of being a jungian analyst" ( Sigo Press.1988) comenta que após a separação entre Freud e Jung, caminhos distintos foram realizados por ambos. Para Stein, Freud retirou seu investimento libidinal sobre Jung e o lançou sobre novos objetos ( Ferenczi), porém Jung reprimiu Freud fazendo com que, consequentemente, a psicanálise se tornasse a sombra da psicologia analítica. Murray Stein aponta que o fruto desta repressão sobre a psicanálise é uma visão inteiramente distorcida por parte dos junguianos do que realmente é a teoria psicanalítica. Ele continua e comenta que as únicas e raras referências feitas a Freud e a outros autores psicanalíticos possuem uma única função: servir como contraste aos pontos de vista da psicologia analítica a fim de confirmar a ela própria.
O objetivo deste seminário é , a partir do ponto de vista de Murray Stein, buscar suspender este recalque à psicanálise e procurar definir qual a visão que os junguianos possuem sobre Freud e a psicanálise.
Podemos considerar que este movimento que propomos não é inédito, considerando alguns exemplos:
A intensa e profícua relação do analista junguiano Michael Fordham com o pensamento e a teoria psicanalítica de Melanie Klein. Fordham é um dos que se atrevem a suspender o recalque à psicanálise ao se propor a trabalhar com os "temas psicanalíticos" da infância e da transferência.
Autores pós-junguianos como Paul Kugler, Brigitte Allain-Dupré e Stanton Marlan que fazem interlocuções com o pensamento de Jacques Lacan e o analista junguiano Greg Mogenson com suas articulações sobre Histeria junto ao pensamento do psicanalista Christopher Bollas.
A histórica conferência ralizada pelo analista Junguiano francês, Pierre Solié, membro da Sociedade Francesa de Psicologia Analítica entitulada " O Pai na mitologia Grega e especialmente na Teogonia de Hesíodo- Pai Animus, Pai- Anima". Esta conferência, disponível na Revista Junguiana , volume 5, é um perfeito exemplo de articulação entre conhecimento mítico, teoria junguiana e conceitos lacanianos como os quatro discursos e o significante da falta do Outro.
O Seminário deseja , através do estudo de textos freudianos e lacanianos, propiciar uma aproximação maior dos conceitos que fundam a psicanálise e , deste modo, recuperar a possibilidade de troca teórica e intelectual entre estas duas escolas de pensamento sobre o inconsciente: psicologia analítica e a psicanálise.
A intenção que rege o seminário não é antagonizar com a psicanálise e sim, pensar de " modo junguiano", os temas e lugares onde a psicanálise já habita.
Neste sentido, o nome " Jung" será trabalhado como um primus inter pares ao lado de outros nomes com o Freud, Lacan, Klein, Winnicott e outros.
Começaremos com o estudo das estruturas psicanalíticas da neurose - Histeria e Neurose Obsessiva. Nesta vertente, o objetivo é estudar como se opera o que Freud denominou " a escolha da neurose" pelo sujeito assim como a diferenciação entre o diagnóstico médico - orientado por procedimentos técnico-mensuráveis - e o diagnóstico psicanalítico que se sustenta exclusivamente na palavra ( discurso) e na surgimento da transferência.
Neste primeiro encontro, proponho a leitura em conjunto do texto de Jacques Alain Miller chamado " O Método psicanalítico" ( " Lacan elucidado" Ed. Zahar).
O texto se subdivide em 3 seções:
a) Diagnóstico e localização subjetiva ( avaliação clínica e subjetivação)
b) Introdução ao Inconsciente ( Retificação)
c) Respostas e questões em aberto
Datas:
5 de Fevereiro
12 de março
9 de Abril
7 de Maio
11 de Junho
Duração: 14hs às 17hs
Valor: 120 reais por encontro
Local: Local: Rua Pamplona, 1018, cj.33. Jardim Paulista - metrô Trianon-Masp
3 - Revisioning Psychology - O Patologizar
Seminário sobre a Psicologia arquetípica de James Hillman
Neste seminário, avançaremos na leitura da obra fundamental de James Hillman: "Revisioning Psychology". Após termos lido o capítulo “Personificar”, começaremos a estudar uma das principais idéias da Psicologia Arquetípica, ou seja, o Patologizar. Estudaremos o contexto que permitiu a Hillman criar esta idéia fundamental para o trabalho de fazer – alma como proposto por ele. O patologizar surge como um antídoto frente a ênfase quase religiosa a favor da saúde e da totalidade que contaminavam o ambiente psicológico junguiano no final da década de 60 e início dos 70. Para Hillman, o patologizar não se confunde com o patológico, visto que é umas das formas mais legítimas e particulares da alma apresentar suas imagens. Destacaremos através de um olhar retrospectivo e histórico que o patologizar sempre esteve presente na história da criação da Psicologia Arquetípica através dos inúmeros textos onde Hillman apresentou suas imagens sobre esta idéia como: traição, masturbação, morte, depressão, pânico, velhice e a guerra.
A questão que pretendo lançar ao grupo é: Diante do cenário atual em que atravessamos, onde todo sofrimento psíquico torna-se patológico, como a noção de " patologizar" pode ajudar a nos re-posicionarmos de modo ético e clínico frente a esta arbitrariedade? Pode haver sofrimento psíquico sem a marca do patológico? Toda dor deve necessariamente ser uma dor patológica? Queremos discutir o "patologizar", como proposto pela psicologia arquetípica, ser a marca de uma nova possibilidade de aceitação e acolhimento para estas legítimas experiências da alma: tristeza, depressão, melancolia, tédio, apatia, desãnimo, todas as dores do existir.
Se a clínica sustentada pela Psicologia Arquetípica não se sustenta em nenhum ideal de " vida saudável" ( esta é uma prerrogativa dos médicos, nutricionistas, academias de ginástica, etc...), criar espaços para a manifestação do "patologizar" torna-se condição sine qua non para o exercício deste trabalho psicológico.
Resumo do último encontro em 2009 de nosso seminário:
A incompatibilidade da expressão ' tratamento psicológico" ´para Hillman na medida que são termos que se cancelam mutuamente / Fantasias criam realidade e moldam nossos hábitos, pensamentos, idéia e afetos / a relação do analista com o pathós do paciente / a interpretação heróica como defesa frente ao desconhecido presentificado pela imagem/ como estabelecer uma relação marcada por Eros pelo Pathós do outro? / A necessidade de provocar a ausência e deslocamento dos narcisismos para que a alma possa fazer a sua epifania / o " Fazer alma" como possibilidade de esvaziar a rigidez dos sentidos cronificados / " Deixar a alma dar as regras e seguí-la" - Dictum da Psicologia Arquetípica / Quantos enredos um analista possui em sua alma? / o fracasso da linguagem espiritual-transcendental e médica-ortopédica diante das imagens da alma / qual linguagem é tributária da alma? / o analista e o verbo poético-imaginativo / A que Deus devo prestar homenagens? / Eros, Dioniso e Hermes X Hera, Atená e Apolo/ A aceitação incondicional e irreversível da alteridade das imagens do patologizar /Aceitá-las como são é a prática da renúncia da intenção de compreensão, entendimento, tratamento ou supressão.
OBS: Como atividade paralela ao nosso estudo, assistiremos ao DVD do Seminário proferido por James Hillman em dezembro do ano passado ( 2009) cujo tema foi " Jung e a Imaginação ativa". Neste Seminário, Hillman se dedicou a examinar imaginativamente o recém lançado " Red Book" de Jung a fim de exemplificá-lo como atitude ética e estética de Jung diante da autonomia das figuras e imagens do inconsciente.
Datas:
6 de Fevereiro
13 de março
10 de Abril
8 de Maio
12 de Junho
Duração: 10hs às 13hs
Valor: 120 reais por encontro
Local: Local: Rua Pamplona, 1018, cj.33. Jardim Paulista - metrô Trianon-Masp
Coordenação:Marcus Quintaes
Psicanalista Junguiano.
Fundador do projeto “ Rubicão: Travessias Junguianas”. Rio de
Fundador do grupo Himma – Estudos em Psicologia Imaginal (http://www.himma.psc.br/). SP
Membro da International Association for Jungian Studies ( IAJS).
Coordenador do Curso de Extensão “ Jung e os Pós-Junguianos” no Rio de Janeiro junto com Henrique Pereira.
Coordenador de Seminários sobre o pensamento Pós-Junguiano e a Psicologia Arquetípica de James Hillman no Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades.
Informações:
marcusquintaes@uol.com.br
(21) 25435006
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
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