terça-feira, 22 de novembro de 2011

Letras que se imaginam letras que se constroem: Comentários sobre "Letras Imaginativas"






Sobre o teu ‘’Letras Imaginativas’’


A palavra não se dá ao contato de todos. É capricho da palavra ser de uns e nunca de outros. Está aí a diferença entre o escritor e a pessoa que escreve.

Como construtor do livro você o fez de forma a deixar limpo o caminho para o entendimento de leitores, especializados ou não, nas questões terapêuticas. Você conseguiu criar algo para todos, sem restrições. Ao nos consentir entender fez-se a mágica do escritor, ser lido por quem o queira ler, sem impedimentos. Fantástico! Também acertou quando optou pela linguagem mais poética do que técnica. Fiquei admirada com a tua facilidade em formular frases que nos estimulassem a continuar no livro. Parece fácil, mas nem de longe o é e se é fácil para você, por favor, eu quero mais livros teus, pois me levarão ao passeio da literatura sem qualquer restrição de percurso.

No teu ‘‘Letras’’ fica claríssimo que você é um escritor!

Chamou minha atenção e achei genial cada capítulo começar com uma sentença que fosse síntese do que ia ser dito nas linhas abaixo, ‘’Ela está de volta, e agora também neles’’; ‘’Ela foi embora e agora é para sempre’’; ‘’Pare com isso, menino!’’; ‘’Pera, uva, maçã ou salada mista?’’

Você percebe o quanto ficou bom?

A vivência clínica em si, o dia a dia dos atendimentos, destacados os casos relevantes ao Letras, foi ponto de apoio para a libertação das imagens, foi muito inteligente que tenha sido assim!

Percebe-se, e é outra coisa agradável no livro, a cultura que você tem como leitor e como amante das letras. Escritores importantes, - além do totem de Hilman a permear todo o livro com sua onipresença imaginativa - estão presentes, com as frases que geram imagens para ilustrar o que vier no capítulo, Molière, Raduan Nassar, Caetano, Zeca Baleiro, o teu adorado Manuel de Barros, autores selecionados, concluo com quase cem pro cento de certeza, pela capacidade que tiveram de despertar imagens em ti. Muito bom que tenha sido assim, claro!!!! É um livro sobre imagens imaginadas e que não tem uma única imagem pronta, apenas as letras imaginadas por outros dando condições/ estímulos para criar a partir delas! É bonito ver que os autores foram escolhidos por serem capazes de despertar imagens em você. Então, é a tua vivencia imaginativa o fio da meada para nossa compreensão das imagens que surgem na terapia de ler a terapia alheia. Uma comunhão sincera e uma entrega generosa são o que fica a respeito de você para nós, leitores, ao fim do livro.

(à parte)
Colocando-me como leitora-alheia-ao-teor-literário, eu pude identificar que muitas pessoas se encaixam nos casos escolhidos, que provavelmente sofrem algum distúrbio e que necessitam tratamento, mas antes do Letras estavam a passar desapercebidas por mim, entocadas nas legendas que adoramos dar ao outro : ‘’É o defeito de Fulano’’ ou a ‘’mania de Beltrano’’... Eu mesma precisei me olhar no espelho quando cheguei ao capítulo 3.

Belíssimo o que você escreveu -‘’O amor e seus efeitos podem fazer rasurar a máscara limpa e clara da nossa Persona. Amar é sempre um susto para a nossa identidade egoica, pois o amor, em suas epifanias, surge na condição de estrangeiro, nômade, errante, ele vem de outros lugares em mim que ainda não conheço e nunca me pertencerão.’’ – Algumas frases do teu livro são de lirismo explícito!

A crônica do Paulo Mendes Campos fechou o capítulo 3 de forma perfeita.

Fechar um capítulo, dar ponto final a um pensamento é tão ou mais complexo do que desenvolvê-lo. Não sei se foi esse o maior desafio que você encontrou para construir a escrita do teu livro, mas eu acredito que tenha sido, pois é o que dá um limite onde não deveria ter limites, a palavra – lembrei do teu Manuel construindo os ‘’deslimites da palavra’’- então eu creio que é o que dói mais em escrever, dar fim. Enquanto eu lia e via o quanto cada assunto puxava uma citação de Hilman eu pensava, não vai poder ter um fim sem machucar o que ele conseguiu desenvolver com tanta tranqüilidade. Me enganei, você conseguiu dar ponto a tudo o que disse, até na tua vontade de dizer mais, pelo menos no ‘’Letras’’. Os capítulos foram fechados por sentenças também, mas todas elas conclusivas e permitindo nos fazer perceber que o caminho na terapia é longo e passo a passo. Acho que você deve ser um excelente terapeuta.


Destaco os Capítulos e 4, 5, 6 e 8 – o 8 eu já havia lido antes e já havia gostado da relação de imagens ao associar Caetano com Dionísio, o que me parece perfeito e muito esclarecedor.

Quando chego ao capítulo 10 a minha sensação é de que você o escreveu com a intenção de nos brindar de esperança, nos terapeutas, em nós, nas terapias e me nosso imaginário, berço de todos e sepultura de tudo.

‘’Fique com a imagem’’ é a sentença de ouro do livro!

‘’A imagem é uma metáfora sem referente’’. Particularmente o capítulo 10 foi lido e relido, por causa de meus processos criativos como alguém que escreve. A imagem é uma fonte infinita para mim. No blog Sensytiva escrevo sobre as imagens da artista plástica americana, a hiperrealista Alyssa Monks pensando saber o que possam ser as imagens para minha necessidade de expressão como poeta, mas também por achar que nas imagens habitam palavras que saltam delas! No Mnemosine crio sobre as imagens ‘’histórias imaginativas’’, no blog Animal Social busco imagens para ilustrar o meu imaginário sobre as imagens que guardei do que vi no convívio social e assim vai. Tenho trabalhando usando a imagem como referencia e trazido imagens para servirem de referencia ao trabalho, de forma que não há assunto que me pareça mais atraente do que IMAGENS. Portanto, se eu for criar uma imagem para o Capítulo 10 é a de um Oásis, um ponto onde se bebe os esclarecimentos do caminho pelos outros Capítulos. Imprescindível!

Depois de ler o livro também sei afirmar com convicção que você tem versos escritos. Quando é que vai mostrar para nós, ou para mim?

Uma coisa é escrever sobre alguma questão, outra coisa é escrever um livro. Você conseguiu, e eu fico felicíssima por você, querido ...Marcus... Já que retirei/criei/imaginei muitas das imagens sobre as quais escrevi da sua própria imagem, em fotografia.

Teu livro é excelente!


Eleonora Marino Duarte é escritora, atriz e carioca.
Ela poetiza e imagina nos belíssimos e instigantes sites:
http://mnemosine-musas.blogspot.com/
http://sensytiva.blogspot.com/
http://animallsociall.blogspot.com/

sábado, 12 de novembro de 2011

Porto Alegre - Seminário Clínico e Teórico: A Psicologia Arquetípica de James Hillman


Seminário Clínico e Teórico: A Psicologia Arquetípica de James Hillman

Porto Alegre (RS)

Em 1970, James Hillman, no posfácio escrito para o editorial da Revista Spring, afirma que "as expressões: junguiana, analítica e complexa nunca foram escolhas felizes nem adequadas à Psicologia que tentavam designar". Impelido pela ousadia Puer que o caracteriza, Hillman inova e introduz uma nova denominação que desdobrará seus efeitos tanto na teoria quanto na prática e mesmo neste estranho lugar chamado vida. Seu nome? Psicologia Arquetípica.

Ao escrever "Por que Psicologia Arquetípica?", Hillman inaugura um segundo momento dentro do campo junguiano, empurrando o pensamento para além do nível que Jung havia ensinado.

Em Hillman e em seus escritos, conjugam-se um panteão de possibilidades míticas. Da violência argumentativa de Ares ao senso estético de Afrodite, das armadilhas intelectuais de Hermes ao aspecto nômade e errante de Dioniso, do amor erótico pelas ideias ao caráter apolíneo de sua erudição. Seus textos são cenários e paisagens por onde desfilam os Deuses que compõem o seu particular politeísmo.

De lá pra cá, poucas coisas deixaram de ser rasuradas pelas letras provocativas do método imaginativo e estético de "Fazer Alma" de Hillman. Muitas das múltiplas dimensões da vida psíquica foram tocadas por suas palavras: Cidade, economia, arquitetura, animais, sonhos, transportes, educação, violência, justiça, mitos, homens, alquimia, crianças, literatura, paranóia, mulheres, guerra, terrorismo, cristianismo, política, amor, histeria, ecologia, Beleza e, principalmente, Jung e seus escritos.

Porém, é momento de parar e perguntar: Qual o legado da Psicologia Arquetípica para os dias atuais? Como dimensionar sua importância e consequências sobre os estudos junguianos?

Para alguns, a Psicologia Arquetípica é pensada como o mais criativo e consistente movimento pós-junguiano; para outros, se tornou uma pálida imagem - ingênua, nostálgica e obsoleta - do que um dia se propôs a ser.

Nosso desejo neste seminário é colocar à Psicologia Arquetípica no alvo de nossas discussões e questionamentos. Sem metáforas. Literalismo às avessas. Alma in extremis.

Há lugar para a Psicologia Arquetípica em pleno século XXI?

Queremos colocar sob atrito e tensão as idéias que nos orientam há quatro décadas. Trata-se de tentar esvaziar qualquer adesão ingênua ao pensamento de Hillman, e sim "colocá-lo à prova" para, deste modo, melhor poder usufruí-lo e, quem sabe, continuar a afirmá-lo.

Afinal, o que a Alma quer da Psicologia Arquetípica?



Coordenação: Marcus Quintaes, psicanalista junguiano, membro fundador dos grupos Himma: Estudos em Psicologia Imaginal (SP), Rubicão:Travessias Junguianas(RJ) e da IAJS. Coordenador de seminários sobre o pensamento pós-junguiano e a psicologia arquetípica de James Hillman no Rio de Janeiro e São Paulo. Autor do livro "Letras Imaginativas: Breves ensaios de Psicologia Arquetípica".

Organização e informações: carla.sov@hotmail.com / (51)9805-2131

Início: Dezembro (2011) ou Fevereiro (2012) - Encontros Mensais